RAÇAS SENEPOL E SHORTHORN
SENEPOL
A raça Senepol possui uma origem genética fascinante, intrinsecamente ligada à visão da família Neltropp de aumentar a rentabilidade na produção de carne. Após décadas de estudos e experiência, a família importou bovinos da raça N’Dama do Senegal, África Ocidental, para as Ilhas Virgens no Caribe. A escolha do N’Dama foi motivada por sua tolerância ao calor, resistência a parasitas e extrema rusticidade, adaptando-se a qualquer tipo de pastagem. Em 1918, a família introduziu touros da raça Red Poll, originária da Inglaterra e reconhecida por sua precocidade e qualidade de carne excepcional, formando a base genética que deu origem à raça Senepol.
O Senepol foi oficialmente reconhecido como raça de sangue puro em 1940, marcando o início de seu registro, embora sua concepção tenha se iniciado no século XIX. O nome Senepol foi oficialmente registrado em 1954, quando os Estados Unidos reconheceram a raça como pura. Hoje, a raça está presente em todos os continentes, com mais de 100.000 cabeças no Brasil.
A chegada da raça ao Brasil, em 2000, marcou um novo capítulo em sua história. Introduzida por João Arantes em Ariquemes, Rondônia, o Senepol rapidamente conquistou seu espaço e a 23 anos no país, destaca-se como uma raça bovina de corte com um selo exclusivo de qualidade de carne. A Associação Brasileira de Criadores de Senepol (ABCB) relata um crescimento de aproximadamente 50% ao ano em número de criadores, rebanho e ocupação territorial em todo o Brasil.
Distribuição no Brasil: Os estados brasileiros com o maior número de animais são Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rondônia, São Paulo e Goiás, que abrigam cerca de 80% do plantel de Senepol do país. No entanto, a criação já se estende por 14 estados, além do Distrito Federal.
Características da Raça: Os animais da raça Senepol exibem corpos longos, profundos e largos, com pernas curtas que retiram o excesso de ossatura na carcaça, proporcionando equilíbrio e acabamento ideal para a produção de carne. Naturalmente musculosos, com alto percentual de carne nas regiões nobres, eles destacam-se por sua capacidade de pastoreio, temperamento dócil e carne macia. Sua aptidão a campo, baixa manutenção nutricional e comportamento tranquilo facilitam o manejo, enquanto a ausência de chifres os torna ainda mais seguros.
Qualidade de Carne: Com um rendimento médio de 54% de carcaça, a qualidade da carne Senepol é reconhecida por programas protocolados na indústria, atestando sua maciez, suculência e sabor de alto padrão. Estudos recentes indicam que dois terços dos pecuaristas que produzem meio-sangue Senepol recebem premiação em dinheiro na entrega de seus produtos. Além disso, o produtor de gado comercial tem sido melhor remunerado no mercado de pecuária de corte em relação a outros cruzamentos: valorização superior em novilhas (23%), boi magro (18%) e bezerro (17%).
Vantagens da Raça Senepol, Considerada a Raça do Futuro:
- Animais Muito Dóceis
- Rusticidade
- Resistência a Endo e Ectoparasitas, Apesar de Ser Taurina
- Suporta Temperaturas Altas
- Boa Maternidade
- Precocidade e Longevidade
- Alta Valor Genético e Econômico em Cruzas Industriais
- Em Leilões, Ultrapassa Valores de Lances em Relação ao Wagyu e Nelore
Em síntese, o Senepol representa não apenas uma raça de gado, mas uma visão de excelência na produção de carne, unindo características genéticas únicas a uma presença global cada vez mais marcante.
SHORTHORN
O Shorthorn, uma raça de gado com origens na Inglaterra no final do século 18, tem uma história rica e contribuições significativas para a pecuária bovina. Desenvolvida para produção tanto de leite quanto de carne bovina, todos os bovinos Shorthorn apresentam coloração vermelha, branca ou roan, características que são resultado do esforço de muitos criadores ingleses na formação da raça. O Shorthorn inglês, exportado e aprimorado na Escócia e nos Estados Unidos, disseminou-se globalmente, marcando presença nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e em vários outros países.
Chegada da Raça ao Brasil: A entrada do Shorthorn no Brasil remonta ao início do século XX, atingindo inicialmente o sul do país e posteriormente alcançando regiões como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. Apesar de ter atingido quase 1000 cabeças no país, desde a década de 1980, observa-se uma diminuição em sua presença no território brasileiro.
Características da Raça: Os Shorthorns apresentam três cores principais – vermelho, branco e roan. Os bovinos vermelhos podem ser sólidos ou ter marcas brancas, e podem ou não ter chifres. Maior que suas contrapartes leiteiras, o Shorthorn é criado especificamente por sua carne. Os touros desta raça são conhecidos por sua agressividade e atividade reprodutiva, muitas vezes sendo utilizados em rebanhos comerciais por vários anos, evidenciando sua longevidade. Além disso, os bovinos Shorthorn demonstram excelente taxa de ganho, boa conversão alimentar e desenvolvimento precoce de marmoreio, tornando-os ideais para produção de carne bovina de alta qualidade.
Cruzamento Industrial: O cruzamento de fêmeas Shorthorn demonstra uma notável eficiência reprodutiva, com 98% das fêmeas parindo sem auxílio. Os bezerros Shorthorn nascem com uma média de 85 quilos, contribuindo para seu potencial de crescimento. Os touros Shorthorn, agressivos e eficientes reprodutores, são ideais para programas de cruzamentos rotativos, garantindo altas taxas de concepção com manutenção mínima. Novilhas Shorthorn também atingem a puberdade precocemente, aos 359 dias.
Associação de Criadores no Brasil: No Brasil, a ANC “Herdbok Collares” é a entidade responsável pelo registro genealógico da raça Shorthorn desde 1906. A Associação Brasileira de Criadores da Raça Shorthorn congrega os criadores e promove a raça no país.
Vantagens para Criadores: O Shorthorn, apesar de sua contribuição na formação do gado Senepol, é uma raça que oferece diversas vantagens para os criadores. Sua superior habilidade materna, capacidade leiteira, docilidade, alta fertilidade, precocidade sexual, carne de qualidade com elevados graus de marmoreio e maciez são pontos destacados. No entanto, sua suscetibilidade a doenças e baixa adaptação a condições climáticas adversas, especialmente ao frio, resultaram em uma diminuição do número de animais no Brasil.
As vacas Shorthorn, apesar da sensibilidade ao clima, destacam-se pela produção de grandes volumes de leite nutritivo. Com uma média de 7.000 kg de leite em uma lactação anual de aproximadamente 305 dias, o leite Shorthorn possui alta qualidade, contendo cerca de 3,3% de proteína e 3,8% de gordura de manteiga.
Em resumo, o Shorthorn desempenha um papel importante na pecuária, proporcionando uma combinação única de características desejáveis, mas seu sucesso no Brasil pode depender da atenção cuidadosa às condições climáticas e de manejo.
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