RAÇAS SANTA INÊS, SUFFOLK E TEXEL
SANTA INÊS
Ovinos Santa Inês: Rusticidade e Versatilidade na Ovinocultura
Para compreender o fundo dos atributos e potenciais dos ovinos Santa Inês, é crucial explorar a sua fascinante origem, marcada por cruzamentos de cuidados entre raças notáveis como Bergamácia, Morada Nova, Crioulo, Somalis Brasileira e Suffolk. Essa miscigenação, delineada nas terras do Nordeste Brasileiro, contribuiu para forjar a robustez singular dessa raça, conferindo-lhe uma notável resistência a doenças comuns na espécie.
Economia e Precificação no Mercado
A carne produzida por esses animais tem obtido grande valorização, embora um preço fixo ainda não tenha sido previsto devido à variação de fatores influentes. No mercado, os preços giram em torno de:
- Cordeiro (kg/vivo): R$ 13,00 a R$ 17,00 (podendo atingir R$ 20,00 em regiões específicas);
- Ovino adulto (kg/vivo): R$ 10,00 a R$ 19,00;
- Cordeiro no varejo – conforme o corte (kg/carne): R$ 40,00 a R$ 55,00.
Dados de setembro de 2023.
Diversos elementos impactam os preços, como idade reprodutiva, peso, nutrição, acabamento de carcaça, entre outros. Priorizar a reprodução, resultado de um manejo reprodutivo competente, é uma estratégia ainda mais vantajosa do que focar apenas na produção de cordeiros.
Características Físicas Distintas
O Santa Inês se destaca por sua pelagem curta e fina, desprovida de lã, conferindo-lhe uma estética única. A pele apresenta diversas pigmentações, como vermelho, malhas entre preto e branco, e tons castanhos. No mercado, as peles mais escuras são valorizadas pela produção de couro, embora exijam cuidados adicionais devido à absorção de radiação solar, que podem predispor a doenças como “bernes” e “bicheira”.
O peso dos animais varia conforme a alimentação, mas, em geral, as fêmeas pesam entre 60 e 90 quilos, enquanto os machos são mais robustos, com pesos entre 80 e 120 quilos.
Temperamento Sociável e Adaptabilidade
O temperamento dos ovinos Santa Inês é um trunfo notável. São animais extremamente sociáveis, minimizando o estresse no manejo, exceto em situações de falta de forragem de qualidade. Sua curiosidade inata e habilidade de explorar recursos alimentares conferem-lhes uma vantagem adaptativa, especialmente em pastagens diversificadas.
Apesar da calma predominante, é importante ressaltar a necessidade de precaução devido à natureza aventureira desses animais, que podem se perder dos rebanhos durante as caminhadas. Limitar os rebanhos a áreas com limites financeiros é essencial.
Reprodução Eficiente e Desmame Aprimorado
A notável capacidade de reprodução do Santa Inês, aliada à ausência de incapacidade reprodutiva, permite que fêmeas saudáveis gerem cordeiros durante todo o ano, inclusive apresentando cio junto com o cordeiro ao pé. A reprodução rápida, com filhotes nascendo em períodos inferiores a 8 meses, é altamente inconveniente para fins comerciais.
Destaca-se o período prolongado de lactação das fêmeas, herdado da raça Bergamácia, contribuindo para cordeiros mais saudáveis e robustos. Entretanto, é essencial aprimorar a inserção do úbere e abordar casos de mamite com perda de tetos, diminuindo a necessidade de evolução na conformação física por meio do melhoramento genético.
Em suma, os ovinos Santa Inês emergem como protagonistas na ovinocultura, combinando rusticidade, produtividade e uma rica gama de características desejáveis para os criadores. Seu papel vital na economia agrícola é respaldado pela eficiência reprodutiva, adaptabilidade e características na produção de carne e couro.
SUFFOLK
Suffolk: A Raça de Ovelhas que Desafia o Tempo e as Fronteiras
Originária dos condados de Suffolk, Norfolk e Cambridge, na Inglaterra, a raça Suffolk tem uma história que remonta a 1776, quando surgiu a partir de cruzamentos entre ovelhas Norfolk e carneiros Southdown. Inicialmente conhecido como “carneiros de Suffolk”, uma denominação oficial da Raça Suffolk foi concedida em 1859 durante a primeira exposição autorizada pela Associação de Agricultura.
No Brasil, a entrada triunfal da raça ocorreu na década de 50, com a importação de animais da Inglaterra para a região do Rio Grande do Sul. Ao longo das décadas seguintes, como atualmente se multiplicaram, consolidando-se efetivamente na década de 80. Atualmente, a Suffolk marca sua presença em todo o território brasileiro, destacando-se nos Estados das Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Os ovinos Suffolk, carinhosamente chamados de “caras negras” na região, conquistaram espaço e provaram sua adaptabilidade ao ambiente, difundindo-se não apenas nas Américas, mas também na Europa e Oceania. Com cerca de dois séculos de existência, a raça passou por genética, notadamente nos Estados Unidos e Canadá, para aprimorar a produção de carne nos reprodutores, resultando em cordeiros de aproximadamente 22 kg a 150 dias de vida.
A raça Suffolk destaca-se como uma produtora de carne magra excepcional. Aos 22 meses de idade, atinge aproximadamente 80 kg, com um rendimento de 65%. Sua rusticidade a torna resistente a climas úmidos, evidenciando sua robustez e características.
Características Físicas Notáveis
A Suffolk exibe um corpo longo e musculoso, coberto por pelos negros alongados, conferindo-lhe uma aparência robusta. Com uma cabeça distinta, os animais são mochos, apresentando pêlos negros finos. As características faciais incluem uma cara comprida, lábios fortes, olhos escuros e compridos, e orelhas longas viradas para fora.
O corpo muscular revela costelas bem cobertas de carne, quadris largos e compridos, e um peito profundo. Os membros proporcionais ao corpo, com ossos não atraentes grossos, e garrões bem afastados conferem à raça uma postura equilibrada e robusta.
Velo e Aptidões Específicas
O velo de Suffolk é de pouca extensão, não cobrindo a cabeça e os membros abaixo dos joelhos e garrões. Apesar de leve, o velo é áspero e apresenta ondulações, com fibras de lã variando entre 25 a 29 micrômetros de diâmetro.
A raça adapta-se facilmente a climas diversos, exigindo uma alimentação adequada para um desenvolvimento ideal. O rendimento de carcaça varia entre 45% e 48%, caracterizando-se pela boa conformação e cobertura de gordura. Os machos adultos atingem e ultrapassam os 180 kg, enquanto as fêmeas alcançam cerca de 90 kg. Os cordeiros nascem completamente pretos, clareando ao longo dos 4 a 5 meses iniciais de vida.
Em resumo, a Suffolk não apenas desafia as fronteiras geográficas, consolidando-se nos mais variados climas ao redor do globo, mas também desafia o tempo, mantendo-se como uma raça de destaque na produção de carne magra e adaptabilidade, marcando sua presença. no cenário da ovinocultura mundial.
TEXEL
Texel: A Pioneira da Carne Nobre e da Lã de Qualidade no Brasil
Na década de 70, um novo capítulo da ovinocultura brasileira foi escrito com a chegada da raça Texel, importada da ilha homônima na Holanda. Desde então, ela conquistou uma posição de destaque no ranking das raças de ovinos criadas no país, graças às suas características singulares que tornam uma escolha premium para produtores que buscam excelência tanto na produção de carne quanto de lã.
O grande diferencial da raça Texel está em sua exigência para a produção de carne magra, macia e suculenta, aliada a uma lã de alta qualidade. Sua precocidade sexual e eficiência reprodutiva garantem uma produção eficiente. Além disso, a raça é reconhecida por sua alta fertilidade, rusticidade e melhorias aprimoradas. Essas características fazem com que os ovinos Texel sejam amplamente utilizados em cruzamentos, evoluindo para a produção de carne nobre em quantidade e qualidade superiores.
A busca por harmonia e equilíbrio entre a produção de carne magra, desejada globalmente, e a produção de lã fina e de qualidade superior, tem sido o foco dos numerosos sorteios industriais envolvidos na raça Texel. Uma característica marcante é a capacidade de adaptação desses ovinos a diferentes tipos de solo, climas e pastagens, permitindo inclusive a integração com a criação de bovinos.
Características Físicas Distintivas
O Texel apresenta um tamanho médio, com tendências para grande, e uma massa muscular forte, conferindo-lhe uma forma geométrica que reflete sua vitalidade. Uma curiosidade marcante é a ausência de lã na cabeça, que é coberta apenas por pêlos brancos curtos. Seus olhos vivos e afastados, orelhas grandes sem lã, lábios escuros e mucosas escuras compõem a expressão distintiva da raça. Ambos os sexos são mochos, e o pescoço curto e musculoso destaca-se. O dorso, lombo e garupa são largos e nivelados, os cascos são pretos e resistentes à umidade, e a cauda é revestida de lã.
Aptidões: Carne de Qualidade e Lã Valorizada
A lã branca do Texel é de excelente qualidade, com fibras fortes e grande acessíveis no mercado de fios. O diâmetro médio das fibras varia de 27 a 30 micrômetros, com um comprimento de aproximadamente 15 cm. As fêmeas produziram, em média, 3 kg de lã, enquanto os machos alcançaram 5 kg. Quanto à carne, a raça é reconhecida por sua qualidade superior, apresentando baixo teor calórico, maciez e suculência, características particularmente evidentes em cordeiros.
Potencial Reprodutivo Inigualável
O Texel ostenta o título de raça mais reprodutiva do mundo, com uma notável taxa de gemelidade de 90%, um índice inigualável por qualquer outra raça de ovinos. Sua capacidade de multiplicação em curto prazo destaca-se como um feito genético extraordinário, contribuindo significativamente para o sucesso reprodutivo dos rebanhos.
Em resumo, a raça Texel não apenas enriqueceu a ovinocultura brasileira, mas também se consolidou como uma escolha essencial para produtores que buscam o equilíbrio perfeito entre carne nobre e lã de alta qualidade, evidenciando seu papel crucial no cenário agropecuário nacional.