RAÇAS MORADA NOVA E BERGAMÁCIA

MORADA NOVA

OVELHAS DA RAÇA MORADA NOVA ORIGINÁRIAS DO NORDESTE BRASILEIRO.

Ovinos da Raça Morada Nova: Uma Tradição Sertaneja de Excelência

Os ovinos da raça Morada Nova emergem como protagonistas na vasta tapeçaria do cenário nordestino do Brasil. Com sua característica distinta de deslanados, esses animais apresentam um manto de pêlos que os distinguem, tornando-os alvo de apreciação tanto no âmbito nacional quanto no mercado internacional, especialmente pela qualidade de sua carne e pele. Originados e aprimorados na região nordeste, esses ovinos ocupam um papel crucial nas pequenas propriedades rurais, fornecendo uma fonte de proteína para as comunidades locais.

A denominação “Morada Nova” é um tributo à região homônima situada no Ceará, onde esses ovinos deslanados encontraram terreno fértil. Embora os primeiros registros desses animais datem dessa localidade, sua presença se estende por diversos municípios do estado e além, ampliando a influência dessa raça peculiar.

Uma Viagem ao Passado: O Histórico dos Ovinos Morada Nova

Os registros históricos, datados a partir de 1816, lançam luz sobre a presença de ovinos deslanados nas terras brasileiras. A procedência desses animais permanece como um mistério, dividindo-se entre possíveis origens africanas e uma chegada a bordo das caravelas de Lisboa, durante o período de colonização dos sertões. Independentemente da sua origem, a Morada Nova solidificou a sua presença ao longo do tempo, tornando-se uma parte intrínseca da paisagem peculiar do Nordeste.

Características Distintivas dos Ovinos Morada Nova

Os ovinos Morada Nova ostentam uma série de características distintivas que os tornam únicos. Totalmente desprovidos de lã, esses animais exibem uma rusticidade marcante, com cascos pretos, olhos amendoados, couro de alta qualidade e a ponta da cauda branca. Sua adaptabilidade é uma qualidade notável, permitindo que prosperem em pequenas propriedades rurais sob as condições climáticas desafiadoras do Nordeste.

Com uma estatura modesta, esses ovinos apresentam-se como animais robustos, destacando-se pela ausência de chifres, tórax profundo, costelas chatas, ventre compacto, coxas musculosas e nádegas esbeltas. Os machos podem atingir até 40 kg, enquanto as fêmeas alcançam aproximadamente 30 kg. A cabeça larga e alongada, perfil subconvexo, orelhas côncavas e pescoço fino afetado para a singularidade dessa raça.

A pele, com variações e tonalidades que variam do vermelho escuro ao branco, é uma característica marcante. Mucosas escuras e a evidência do garrote apenas nos machos complementam o conjunto de características físicas da Morada Nova.

Aptidões Versáteis dos Ovinos Morada Nova

A peculiaridade dos ovinos Morada Nova se manifesta em suas aptidões para a produção de carne e pele, sendo esta última particularmente requisitada. Adaptando-se eficientemente a climas quentes e condições alimentares adversas, esses animais são capazes de subsistir com uma dieta composta por folhas e ramos secos. Uma carne de qualidade excepcional, reconhecida pela sua maciez, conquista espaço nos cardápios de restaurantes em todo o Brasil, consolidando a importância e a prestígio da raça Morada Nova no cenário peculiar nacional.

OVELHA DA RAÇA BERGAMÁCIA, ORIGINÁRIA DA ITÁLIA, PRODUTORA DE LÃ E DESPROVIDA DE CHIFRE.

BERGAMÁCIA

A Nobreza da Raça de Ovelha Bergamácia: Uma Jornada pelos Campos e Montanhas Italianas

A raça de ovelha Bergamácia, originada nas pitorescas regiões do Norte da Itália, em especial na Lombardia e no Piemonte, é uma expressão viva de tradição e adaptabilidade. Com sua possível ascendência remontando aos ovinos do Sudão em eras antigas, conforme apontado por A Di Paravicini Torres, a Bergamácia desdobrou-se no cenário italiano, dando origem ao grupo Alpino, caracterizado por sua imponência, ausência de chifres, orelhas grandes e pendentes. Na Itália, ela é reverenciada como Gigante de Bergamo e Bielesa, destacando sua presença marcante nas paisagens pastoris.

Aspecto Geral e História: A Identidade da Bergamácia Brasileira

A aparência geral da Bergamácia brasileira revela o esplendor de uma raça de grande porte, lanada, predominantemente branca e desprovida de chifres. Suas ocorrências são evidentes em seu país de origem, onde desempenham papéis cruciais na produção de carne, lã e leite. Machos adultos exibem uma imponência de 100 a 120 kg, enquanto fêmeas atingem a marca de 70 a 80 kg. A história dessa raça remonta a épocas antigas, provavelmente conectando-se com o Sudão, e sua trajetória evolutiva culminando na multifuncionalidade que a define atualmente.

Anatomia e Elegância: Detalhes da Bergamácia

A cabeça da Bergamácia é uma obra-prima de perfil ultra-convexo, com frente estreita e saliente. Suas orelhas, largas e compridas, conferem-lhe uma expressão marcante, atingindo no mínimo a ponta do focinho. A pigmentação discreta nas mucosas nasais, conjuntivas e lábios rosados ​​é permitida, contribuindo para a diversidade visual da raça. O pescoço, forte e alongado, apresenta uma leve depressão na união com as espadas, adicionando uma característica elegante.

O corpo é uma sinfonia de formas, com uma estrutura cilíndrica e longa. O encosto largo e profundo, a linha dorso lombar reta e musculosa, e a garupa larga e levemente inclinada formam a base da beleza bergamácia. O ventre, amplo e longo, é equilibrado para evitar a aparência barriguda. A face ventral, coberta por pêlos curtos e brancos, ressalta a pureza e a imponência da raça.

Os membros, fortes e longos, aprimorados para a estabilidade do animal, apresentando uma boa ossatura e articulações. A adaptação é evidente, com uma pelagem que se estende até os garrões e joelhos, enquanto os cascos, escuros, firmam o elo com a tradição.

A Preciosidade da Lã e as Aptidões Peculiares da Bergamácia

A lã da Bergamácia é uma dádiva branca, com uma finura que varia entre 30 e 31 micrômetros (Cruza 2). Ela envolve o corpo, exceto a face ventral, e parcialmente os membros, até os jarretes e joelhos. Apesar da produção modesta, atingindo 5,0 kg nos machos e até 4,0 kg nas fêmeas, a lã não se destaca pela qualidade refinada.

As aptidões da Bergamácia se estendem para além da estética. Machos adultos, embora possuam carcaças que não se destacam pela qualidade excepcional, desempenham um papel relevante. Os cordeiros, beneficiados pela excelente produção de leite das mães, alcançam lactações de até 250 kg com 6% de gordura, alimentando a tradição italiana com o renomado queijo Gorgonzola.

Ovelhas prolíficas, adaptáveis ​​e rústicas, como Bergamácias tornam-se parte integrante das paisagens do Centro e Nordeste brasileiros, demonstrando a sinergia entre suas preferências históricas e a exigência peculiar por uma alimentação equilibrada. A Bergamácia brasileira, com sua história rica e aptidões singulares, permanece como uma joia na coroa das raças ovinas.